Tons de cinza

Mas três cigarros queimados. Não por ser um viciado, mas pra poder sentir aquela sensação relaxada pelo menos por alguns instantes durante o dia, ou pelo tempo suficiente pra fingir que esqueceu e que já não faz mais tanta diferença assim... Ou talvez só pelo simples fato de querer morrer aos poucos. Quem sabe... Pensava que aquela coisa cinza que saia em forma de ar de dentro dele, era sua dor sendo queimada, virando nada e o deixando melhor... Mas um cigarro aceso e as dores só passavam até este virar cinza de novo. E de novo. E de novo. Com o tempo percebeu que enquanto fumava, aqueles tons de cinza apagavam suas lembranças só durante alguns momentos e depois de um tempo era preciso fumar novamente para manter o efeito. Quando assim não o fazia, lá estava a dor, acordada, viva e consciente, esmagando seu peito com a certeza de um coração partido. No fim, o tempo não o curou, por outro lado o cigarro também não. E o final previsível: por anos ele sucumbiu com aquele buraco negro no peito. Os males causados pelos cigarros só fezeram com que o buraco negro se alastrasse até corroer seus pulmões. Não morreu literalmente por amor, mais intoxicado pela nicotina que ajudou seus dias a ser menos piores...
"Às vezes a dor da ausência machuca, em outras, a gente começa a morrer até mesmo tentando não senti-la..."

6 Comentários

  1. A verdade é que a dor causada pelo amor jamais passará, você sempre irá sentir, a apenas alguns meios para as amenizar. Belo texto.
    Beijos.
    shakespearementiu.blogspot.com

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  2. um cigarro não tira as dores mas para ele a melhor forma de esquecer o que sentia por ela
    muito bom

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  3. Não há nada,além do tempo,que cure a dor!
    Ela sempre passa.

    Beijo.

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  4. vícios que curam momentaneamente nossas dores..
    lindo texto Rick.
    Em, pode me passar seu numero dnv? mudei de celular e nao tenho mais ele :/
    Boa noite meu amor

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