- As paredes

Volto a escrever-te moço, ainda sabendo que não podes enxugar minhas lágrimas e muito menos me dizer uma palavra amiga. É só que eu tenho certeza que não irá dizer nada mesmo, apenas colaborar pra que por meio das palavras eu tire uma pilha de coisas que foram amontoadas aqui dentro. E que não irá reclamar muito, apesar dos infinitos erros de ortografia que você aponta. Nem ligo mais pra esse papo de amor (a falta dele), de felicidade, de sorrisos. Não, nem penso mais tanto nessas coisas pra gente que tem sorte. A única coisa que ainda procuro é só um pouco de paz. De espírito. Estive fazendo o máximo pra bloquear da minha mente o que eu sei que não me levará a lugar nenhum. E fazer isso tem me poupado de muitos arrependimentos. Então, talvez seja o certo. As paredes já estão cansadas de tanta subjetividade sabe. As frases ficam pela metade, encerram com uma vírgula. Estou cada vez mais distante do que é real. Do que se chama vida. É que está sempre faltando alguém pra confiar. Alguém que me empurre da ladeira e me faça ter coragem de encarar tudo isso. Alguém que me diga que “talvez amanhã, ou depois - tanto faz - vai ficar tudo bem”… Que… Sei lá. Que engraçado. Olha meu estado moço. Ando falando sozinho. Ou melhor, com uma máquina que me apresenta um editor de texto simples. Mas pelo menos isso. Pelo menos isso. Mesmo porque sempre foi assim não é. A gente busca uma maneira, algo que disfarce a sensação de vazio. Só isso.

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