- Imaginário

Anna. Menina do vestido furado na manga. Vivia a sorri. Vivia a voar por ai, como alguém que nunca tirou os pés do chão. Sempre manteve os pés aqui, embora seu coração sempre estivesse lá, muito distante, escondido a sete chaves dentro do seu mundo mágico. Velho mundo mágico na verdade. Porque agora ela cresceu. Deixou a inocência quando decidiu abrir a porta de casa e mostrar seu sorriso bobo e amarelo para o primeiro e único rapaz que passou por aquela rua e roubou seu coração de si mesma. Anna. Porque decidiu crescer tão cedo? Porque – quando fechou as portas – esqueceu-se de guardar as chaves? Porque deixou com que seu mundo desabasse, tijolo por tijolo, sentimento por sentimento, aos poucos. Agora ficou presa do lado de fora, aprendendo com a vida que nem tudo dura pra sempre e que se o amor permanece, a dor de não tê-lo por perto também demora cessar... Pobre Anna. Chora no canto como se ainda fosse uma menininha esperando pelos pais. Fazendo birra pra que lhe dessem algo. Mas desculpe, eles não têm o poder de arrancar um sentimento que já ficou guardado. Essas coisas deveriam ficar dentro da caixa. Deveriam ser abandonadas, assim como as bonecas. A infância é um reino pra brincar. E às vezes, quando o brinquedo é amor, um canto qualquer também pode ser um lugar seguro e saudável quando o assunto é crescer. Agora percebes o que fez? Já pode não voar sem balões, Anna. Bloqueou todas as passagens para aquele velho mundo imaginário. Onde aquele aperto no peito indicava que ali também batia um par de asas. Hoje só lhe cabe permanecer por aqui. E se tiver sorte, vai lembrar. Porque agora você faz parte deste mundo, e aqui o chão é duro, caso você queria tentar voar como antes...

11 Comentários

  1. E que chão resistente não é? nem um pulo pra tentar voar essa dona Anna consegue. Lindo texto, e nem preciso dizer o quanto me identifiquei, rs. Saudades

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  2. que lindo. é exatamente assim que me sinto. mas às vezes é só fechar os olhos e sonhar.

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  3. Maravilhoso seu texto!Sensivel e forte ao mesmo tempo,como a dualidade da vida!Parabéns pela bela e comovente inspiração!bjs e meu carinho,

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  4. Anna... Perfeito como sempre. Mas confesso que me identifiquei. As vezes, é necessário crescer. Mesmo não querendo.

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  5. Dizem que do chão a gente não passa mas as vezes parece que a gente vai tão mais fundo...

    Mesmo sendo pra outra moça me identifiquei. Quem aqui não se trancou fora de casa?

    Mas é todo aquele negocio, não adiantaria a Anna lutar contra o amor do rapaz bonito porque "quando a menina enjoa da boneca, é sinal de que o amor já chegou no coração". E a boneca tem enjoado cada vez mais cedo, infelizmente.

    Aqui tá lindo Rick, muito mesmo :3

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  6. Querido, seu blog está um mimo!! ADOREI.. Depois quero umas dicas suas, hahahaha..

    Bjs

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  7. Olá Rick, não faz ideia do quanto seu comentário no mero blog alegrou meu dia. Ainda está uma confusão,e tem muito a ser posto no lugar, seguir um rumo, ser levado por um barco qualquer. Obrigada por todo carinho. De coração.

    Adorei muito seu texto, a forma como escreve, e como por um segundo eu pensei ser a Anna, só então é que fui vasculhar os bolsos e encontrei a chave, e cá estou trancafiada no mundo só meu, com um pouco menos de cor do que antes. Adorei tantas coisas por aqui. Eu não vou saber explicar isso, e será confuso pra ti tambem, mas sabe aquela sensação de chegar a um lugar tão confortavel que te faz sentir as veias e todo o corpo, alma quente? Acredita que consegui sentir isso num zó click, quando abri sua página?

    Adoraria receber sua adorável visita mais vezes. Pode ter certeza, que daqui eu não saio.

    Beijos.

    http://venenosemacas.blogspot.com.br

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  8. Ah, que lindo Rick, gostei demais! :D
    E mais ainda desse seu comentário acima: "Pra ela. Que eu amo. Quem sabe, sabe. rs" *-*

    Muito bom, viu
    Beijos

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  9. Seu texto me deixou cheia de saudades.. Como se aquela Ana, de vestido furado na manga, fosse um pouco de mim.
    ;)

    Adorei, Rick...

    E estou esperando ansiosa pelo meu tema!! Obrigadaaa!!!

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