Retirantes


A vida é um costume. E em umas dessas, a gente se acostumou. Virou o tipo de rotina saudável em que desde a primeira visita você já deixa o sentimento morar na sua casa, guarda os momentos dentro do armário e reza pra que dessa vez permaneça. Foi, mesmo antes de ser. E até hoje nunca sabemos ao certo quem chegou, e quem se foi. No fim das contas, nem fomos, porque no meio do caminho descobrimos que só estávamos: estávamos aqui, agora, ainda. Amanhã é só mais um dia em que talvez estejamos em outra e por ai vai... Mas de repente, mesmo sabendo disso, a gente se acostumou. E então, no mesmo repente, tudo aquilo que era rotina foi se tornando saudades, até ser só mais uma lembrança vazia que você guarda com carinho, porque mesmo triste, ela te lembra que em algum ponto da eternidade você já foi feliz. O problema é quando você passa a se acostumar demais as coisas passageiras. E sem perceber, nos tornamos poços de saudades, almas carregadas de lembranças, peitos cheios de passados. Nos acostumamos a ter, e se tudo é um costume, nos acostumamos a perder, também...

12 Comentários

  1. Acho que esse foi o post mais sensível que você escreveu até hoje. Só não concordo com a parte de acostumar-se com a dor. Quando isso acontece nos tornamos insensíveis.

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  2. E o presente, rente à retina, é o agora que deve ser vivível.

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  3. maravilhoso seu texto :)

    http://t-alvez-p-oeta.blogspot.com.br/

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  4. vida, exercício que bate, machuca, consola e pede mais um pouco. aprendizado forçado.

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  5. Eu, retirante, sou um poço de lembranças e saudade.

    Um beijo.

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  6. E não é isso o que nos tornamos no final das contas, receptáculos para sentimentos e pessoas? Guardamos coisas e nos acostumamos a elas. Nos afeiçoamos e as amamos de todo o coração. Mas, tal qual todo receptáculo, há uma saída para tais coisas. Elas entram e saem.
    {Emilie Escreve} @hisakurasan

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  7. Lindo e doído texto Rick. Não sei se lembra de mim, mas você sempre estava comentando os posts do meu blog (deamora). Agora venho aqui e me deparo com a beleza que transborda de tuas linhas e me sinto renascer para a poesia.

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  8. Oii rick, comentei anteriormente mas não tenho certeza se meu comentário foi enviado, na dúvida, repito tentando expressar o que havia no primeiro comentário. Eu dizia: Que texto Lindo e doído ( como pode duas coisas tão diferentes conviverem na mesma escrita? Isto é a nossa vida! estes encontros imprevisíveis.). Não sei se você lembr de mim, mas voce sempre comentava no meu blog (deamora) e eu sempre curtia o que escrevia sobre meus textos. mas hoje venho aqui após algum tempo distante de blogs, e me deparo com a beleza transbordando em tuas linhas e renasço para a poesia. Obrigada por exibir o que escreve e sem pretensão alguma salvar alguém que se perdeu do que lhe fazia sentido. abraços

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    1. Então Bruna, teu comentário chegou umas cinco vezes. E eu fico feliz que tenha voltado, porque tudo que escreve é ótimo também... Fui lá te ver. Bjos

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  9. descobri seu blog hoje! e já achei o nome interessante! uma vez que sempre carrego meu guarda-chuvas!
    E vc tem razão, do que mais se sente saudades é da rotina e das pequenas coisas! parabéns pelo texto!

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  10. Eu me acostumei a não lutar poque se uma hora vai embora mesmo do que vai adiantar ser ferida em batalha?Pensamento de Idade Média, eu sei, mas é para combinar com o tempo que ainda escuro e envolto em trevas. Uma hora se ajeita.

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  11. Um dos textos mais lindos que já li aqui... Sincero, romântico, repleto de clamor, um clamor que pede que fique... alguém que muitas das vezes só está de passagem em nossa vida de caos... Beijo, Nathy :3

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