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Sendo fácil ou não
acho que todo mundo chega na fase do cansei. cansei de ser aquilo que esperam, cansei de agradar, cansei de tentar manter.
cansei, pois é mais fácil ser, do jeito que sou, sem medos de perder.
acho que tentar ser o melhor que eu possa ser pra eu mesmo, já é o suficiente. quero ser bom para mim. crescer, aprender, evoluir como pessoa, me amar cada dia mais.
acho que sendo bom pra mim, consequentemente, serei bom para todos que passarem pela minha vida.
o jeito que eu me amo, é como eu ensino os outros a me amarem.
e sendo fácil ou não, me aceito exatamente como eu sou, quem quer que eu seja.
Eu respondo apenas por mim
dentro desse pouco espaço de tempo em que nos conhecemos, acho que me cabe perguntar se eu devo me apaixonar por ti ou apenas ir embora no amanhecer, antes de te olhar dormir e ter essa vontade gigante de ficar,
devo desligar o despertador pra ficar grudado contigo até mais tarde, esperando a hora de me atrasar, ou apenas ir embora sem levar isso muito à sério,
devo me apaixonar por ti quando olho nos teus olhos ou sinto tua respiração,
devo mesmo me apegar ao som do seu coração batendo, ao calor da sua pele, ao seu cheiro discreto, ou apenas
querido, não acho que dependendo da sua resposta, se sim ou se não, irei tomar qualquer rumo
não preciso que me permita gostar, pois eu já gosto e gosto sem querer porque nunca quis de fato gostar de alguém, porém estou aqui porque não sei ser diferente do que eu sinto
independentemente do que pense, saiba que eu já me apaixonei por ti e apenas eu precisarei lidar com isso
devo desligar o despertador pra ficar grudado contigo até mais tarde, esperando a hora de me atrasar, ou apenas ir embora sem levar isso muito à sério,
devo me apaixonar por ti quando olho nos teus olhos ou sinto tua respiração,
devo mesmo me apegar ao som do seu coração batendo, ao calor da sua pele, ao seu cheiro discreto, ou apenas
querido, não acho que dependendo da sua resposta, se sim ou se não, irei tomar qualquer rumo
não preciso que me permita gostar, pois eu já gosto e gosto sem querer porque nunca quis de fato gostar de alguém, porém estou aqui porque não sei ser diferente do que eu sinto
independentemente do que pense, saiba que eu já me apaixonei por ti e apenas eu precisarei lidar com isso
Ensaio sobre o amor
estive aberto as possibilidades de te encontrar. por ai. num momento qualquer do dia e sem fazer nenhum esforço pra te procurar.
muito provavelmente me confundir com alguns rapazes.
normal.
por algumas vezes eu jurei ter te achado numa festa, ás 2h da manhã, depois de algumas cervejas. ou naquele ônibus lotado indo pro trabalho. naquela troca de olhares profundos num dos shoppings da cidade. quem sabe eu te dei meu número e tu nunca me chamou.
eu estive disposto a te conhece melhor, mas você me disse que tinha namorado no dia em que eu escolhi te chamar pra tomar algumas cervejas e jogar conversa fora
eu estive disposto a te encontrar no dia em que você preferiu ir embora a me esperar no ponto de ônibus
eu iria te pedir em namoro no dia em que entre um cigarro ou outro tu deixou claro que não queria um relacionamento sério e que ficava com outros rapazes
eu te escrevi poemas e planejei viagens, mas nesse meio tempo em que eu quase me apaixonei, tu beijou outro e tocou thank u, next na boate que você geralmente trabalha.
eu estive aberto as possibilidades de te encontrar e dentre todas essas probabilidades, não rolou.
muito provavelmente me confundir com alguns rapazes.
normal.
por algumas vezes eu jurei ter te achado numa festa, ás 2h da manhã, depois de algumas cervejas. ou naquele ônibus lotado indo pro trabalho. naquela troca de olhares profundos num dos shoppings da cidade. quem sabe eu te dei meu número e tu nunca me chamou.
eu estive disposto a te conhece melhor, mas você me disse que tinha namorado no dia em que eu escolhi te chamar pra tomar algumas cervejas e jogar conversa fora
eu estive disposto a te encontrar no dia em que você preferiu ir embora a me esperar no ponto de ônibus
eu iria te pedir em namoro no dia em que entre um cigarro ou outro tu deixou claro que não queria um relacionamento sério e que ficava com outros rapazes
eu te escrevi poemas e planejei viagens, mas nesse meio tempo em que eu quase me apaixonei, tu beijou outro e tocou thank u, next na boate que você geralmente trabalha.
eu estive aberto as possibilidades de te encontrar e dentre todas essas probabilidades, não rolou.
Contramão
às vezes nós sabemos do estrago eminente
é como dirigir em alta velocidade mesmo vendo inúmeras placas informando sobre os perigos
reduza a velocidade, eles dizem
se você sofre um acidente grave e não morre, tudo bem conviver com as sequelas depois
a morte até poderia ser mais fácil, tranquila
melhor do que perder o direito de reclamar da sorte e aceitar que a culpa foi sua
existem pessoas iguais uma curva perigosa no meio da estrada, você ignora todos os sinais e aceita o perigo
tudo bem, eu estou ciente que você vai desgraçar comigo e desejo continuar
eu sei que a pressa é inimiga do coração
entendo que posso acabar tendo um traumatismo
é como dirigir em alta velocidade mesmo vendo inúmeras placas informando sobre os perigos
reduza a velocidade, eles dizem
se você sofre um acidente grave e não morre, tudo bem conviver com as sequelas depois
a morte até poderia ser mais fácil, tranquila
melhor do que perder o direito de reclamar da sorte e aceitar que a culpa foi sua
existem pessoas iguais uma curva perigosa no meio da estrada, você ignora todos os sinais e aceita o perigo
tudo bem, eu estou ciente que você vai desgraçar comigo e desejo continuar
eu sei que a pressa é inimiga do coração
entendo que posso acabar tendo um traumatismo
Flutua
olhos fechados tentando dormir.
quase 04:09h da madrugada e eu ainda estou olhando para tela desse celular. é mais uma noite sem sono. é mais uma tentativa frustrada de desviar do teu nome para alcançar a inconsciência e me bastaria.
eu passo horas tentando desconectar-me de ti. tentando pensar em outra coisa. algo que me permita dormir tranquilo e não me deixe afundar nessa saudade que eu ainda sinto na pele.
teus olhos ainda iluminam meus sonhos de uma vida juntos. teu riso ainda me faz sorrir de canto. teu toque ainda é.
eu preciso desligar-me de ti. interromper esse elo que ainda me prende. trocar o número desse telefone. esquecer o grave da tua voz. deletar teu número da minha agenda. deixar de ver sua última visualização no whatsapp.
deixa-me, por favor, levantar as âncoras. remar para longe. desamarrar as cordas do teu cais.
eu preciso velejar para distante de ti. navegar em outros mares. mergulhar sem medos. flutuar sem pesos. amar primeiro a mim.
quase 04:09h da madrugada e eu ainda estou olhando para tela desse celular. é mais uma noite sem sono. é mais uma tentativa frustrada de desviar do teu nome para alcançar a inconsciência e me bastaria.
eu passo horas tentando desconectar-me de ti. tentando pensar em outra coisa. algo que me permita dormir tranquilo e não me deixe afundar nessa saudade que eu ainda sinto na pele.
teus olhos ainda iluminam meus sonhos de uma vida juntos. teu riso ainda me faz sorrir de canto. teu toque ainda é.
eu preciso desligar-me de ti. interromper esse elo que ainda me prende. trocar o número desse telefone. esquecer o grave da tua voz. deletar teu número da minha agenda. deixar de ver sua última visualização no whatsapp.
deixa-me, por favor, levantar as âncoras. remar para longe. desamarrar as cordas do teu cais.
eu preciso velejar para distante de ti. navegar em outros mares. mergulhar sem medos. flutuar sem pesos. amar primeiro a mim.
Alguns vazios e nada mais
às vezes você vai se sentir vazio. digo, quando você tem algo por muito tempo, você acaba que se acostumando com esse algo. e quando tudo muda e você precisa tirar isso de dentro de você, o que fica no lugar é um nada. ou pode ser que sobre ar.
só que um ar pesado.
não tem mais notificações no celular. ninguém te liga só para ouvir sua voz. parece que você não é mais relevante para ninguém.
silêncio e calmaria te abraçam logo de manhã e não te largam até você colocar City and Colour pra tocar no celular enquanto se enche de café.
só o fato de não ter um "bom dia" de quem você queria que tivesse, anula todas as outras mensagens de "tenha um ótimo dia" de todas as outras pessoas que te querem bem ou que só te querem.
o relógio gira, mas o tempo não passa. o coração lembra a mente. uma coisa leva a outra. esse lugar agoniante que agora guarda o nada, manda lembranças de meia em meia hora.
esse vazio te faz procurar preenchimentos. a parte que falta as vezes mora num bairro perto o suficiente, mas você não pode tomar para si algo que nunca foi seu. tudo bem faltar alguma coisa. basta desacostumar daquilo que você foi mal acostumado.
só que desapegar de alguém que você amou muito não é como desapegar de um sapato que você gosta bastante. ambos não servem mais. só que.
sentir falta não lateja. não dói. não arde. só incomoda. incomoda chegar e ver a casa vazia. incomoda perceber que se mudou para outro lugar. aqui não tem mais ocupantes. a música toca pra ninguém dançar. o bolo de chocolate com recheio de coco que eu fiz, perde a validade esperando ser o sabor preferido de alguém.
você volta pra casa depois de uma noite de bebidas e outras bocas e percebe que ninguém quer frequentar seu coração pra merecer teu beijo.
se você decidir beijar mesmo assim, saiba que o vazio se torna ainda maior.
só que um ar pesado.
não tem mais notificações no celular. ninguém te liga só para ouvir sua voz. parece que você não é mais relevante para ninguém.
silêncio e calmaria te abraçam logo de manhã e não te largam até você colocar City and Colour pra tocar no celular enquanto se enche de café.
só o fato de não ter um "bom dia" de quem você queria que tivesse, anula todas as outras mensagens de "tenha um ótimo dia" de todas as outras pessoas que te querem bem ou que só te querem.
o relógio gira, mas o tempo não passa. o coração lembra a mente. uma coisa leva a outra. esse lugar agoniante que agora guarda o nada, manda lembranças de meia em meia hora.
esse vazio te faz procurar preenchimentos. a parte que falta as vezes mora num bairro perto o suficiente, mas você não pode tomar para si algo que nunca foi seu. tudo bem faltar alguma coisa. basta desacostumar daquilo que você foi mal acostumado.
só que desapegar de alguém que você amou muito não é como desapegar de um sapato que você gosta bastante. ambos não servem mais. só que.
sentir falta não lateja. não dói. não arde. só incomoda. incomoda chegar e ver a casa vazia. incomoda perceber que se mudou para outro lugar. aqui não tem mais ocupantes. a música toca pra ninguém dançar. o bolo de chocolate com recheio de coco que eu fiz, perde a validade esperando ser o sabor preferido de alguém.
você volta pra casa depois de uma noite de bebidas e outras bocas e percebe que ninguém quer frequentar seu coração pra merecer teu beijo.
se você decidir beijar mesmo assim, saiba que o vazio se torna ainda maior.
Aportar
Quero que me escute, que preste atenção, que não me ignore. Quero que olhe nos meus olhos. Que estejas disposto a ouvir...
A partir de hoje Dan, quero que tu estejas em primeiro lugar na tua lista de prioridades, que se importe primeiro com você, que se ame, se cuide e não espere que ninguém venha fazer por ti aquilo que você pode fazer por si mesmo.
Cuide do seu interior. Regue suas plantas. Adoce seu café. Faça carinho no seu gato. Passei na praça com seu cão. Sorria para sua família. Abrace seus amigos. Dê bom dia aos vizinhos. Agradeça a Deus.
Todo dia é dia de acreditar. De se incomodar. De buscar algo melhor. De fazer a vida valer a pena. De fazer tudo que estiver ao seu alcance para realizar os seus sonhos. Para estar em paz consigo mesmo. Para fazer do mundo um lugar melhor.
Não abra mão de nada para fazer os outros felizes se isso não te fizer feliz primeiro. Aceite quem você é e seja a melhor versão de si mesmo. Lembre-se que os seus sentimentos e a sua felicidade devem ser prioridades. Se importe mais com você, esteja disposto a morrer por si mesmo, lute uma guerra pelos seus pais, mova montanhas pelos seus avós e só esteja disposto a dedicar a vida por quem dedicaria a vida por você.
Se ame.
Se valorize.
Seja sempre você mesmo, com todo orgulho de ser o que se é.
A partir de hoje, mesmo estando em alto mar, abra as velas, permita-se navegar, vá além. Seja você, seu porto seguro. Porque se em algum momento você não puder contar com mais ninguém, você sempre terá a si mesmo.
A partir de hoje Dan, quero que tu estejas em primeiro lugar na tua lista de prioridades, que se importe primeiro com você, que se ame, se cuide e não espere que ninguém venha fazer por ti aquilo que você pode fazer por si mesmo.
Cuide do seu interior. Regue suas plantas. Adoce seu café. Faça carinho no seu gato. Passei na praça com seu cão. Sorria para sua família. Abrace seus amigos. Dê bom dia aos vizinhos. Agradeça a Deus.
Todo dia é dia de acreditar. De se incomodar. De buscar algo melhor. De fazer a vida valer a pena. De fazer tudo que estiver ao seu alcance para realizar os seus sonhos. Para estar em paz consigo mesmo. Para fazer do mundo um lugar melhor.
Não abra mão de nada para fazer os outros felizes se isso não te fizer feliz primeiro. Aceite quem você é e seja a melhor versão de si mesmo. Lembre-se que os seus sentimentos e a sua felicidade devem ser prioridades. Se importe mais com você, esteja disposto a morrer por si mesmo, lute uma guerra pelos seus pais, mova montanhas pelos seus avós e só esteja disposto a dedicar a vida por quem dedicaria a vida por você.
Se ame.
Se valorize.
Seja sempre você mesmo, com todo orgulho de ser o que se é.
A partir de hoje, mesmo estando em alto mar, abra as velas, permita-se navegar, vá além. Seja você, seu porto seguro. Porque se em algum momento você não puder contar com mais ninguém, você sempre terá a si mesmo.
Leão
Eu queria diminuir esse sentimentalismo todo ou parar com o que você tanto chama de drama. Eu queria, mas deve ser um defeito em modo automático e eu já não sei como lidar. Eu digo que não e quando eu vejo, cá estou eu cobrando de você algo que deveria ser espontâneo.
Nós somos seres humanos e às vezes é normal querer sumir no primeiro abismo quando nem tudo for flores.
Eu também queria correr.
Mas eu sempre olho para trás e quando eu te vejo lá, moço, eu não consigo mais caminhar pra longe de ti.
É que eu não sei fingir frieza, eu não sei bancar o cara equilibrado, eu não sei mais como é que se faz pra ignorar alguém que a gente não quer ignorar.
Eu respiro fundo.
Eu te beijo de olhos fechados e tenho certeza que o meu paraíso particular é exatamente aqui, neste ponto na terra onde você está.
Eu me desarmo.
Tu sabe que eu te amo.
Eu sei que te amo.
Eu te amo e. Às vezes dói.
Nós somos seres humanos e às vezes é normal querer sumir no primeiro abismo quando nem tudo for flores.
Eu também queria correr.
Mas eu sempre olho para trás e quando eu te vejo lá, moço, eu não consigo mais caminhar pra longe de ti.
É que eu não sei fingir frieza, eu não sei bancar o cara equilibrado, eu não sei mais como é que se faz pra ignorar alguém que a gente não quer ignorar.
Eu respiro fundo.
Eu te beijo de olhos fechados e tenho certeza que o meu paraíso particular é exatamente aqui, neste ponto na terra onde você está.
Eu me desarmo.
Tu sabe que eu te amo.
Eu sei que te amo.
Eu te amo e. Às vezes dói.
Breve observação da saudade
Cheiro de sabonete da Granado. Cabelos finos e lisos. Ainda sinto o toque, fecho os olhos, respiro. Sua voz baixa e rouca ainda chamando o meu nome. Ou errando o meu nome. Me relembra que não mais.
Eu sonho contigo, mas você não.
A playlist do vizinho me lembra que hoje é quarta. Amanhã, como todos os outros dias, você não vem. O conhecido que revejo na rua te manda abraços, mas amanhã você não vem mais.
Toda vez que eu perco a distração. Toda vez que eu me sinto sozinho. Toda vez que eu me pego chorando. A brisa entra pela janela do ônibus – bagunça meu cabelo – e eu aceito isso como carinho teu. E agradeço ao universo por este breve ponto da eternidade que você esteve presente em minha vida.
Julieta, se eu repito teu nome é porque eu sei que tu jamais vais me deixar. Eu sei que olhas por mim. Que sempre será recíproco. Que apesar de todas as circunstâncias, ainda és o meu bem. O meu amor estrela guia. A minha pessoa preferida nesta vida.
A minha saudade mais bonita.
Eu sonho contigo, mas você não.
A playlist do vizinho me lembra que hoje é quarta. Amanhã, como todos os outros dias, você não vem. O conhecido que revejo na rua te manda abraços, mas amanhã você não vem mais.
Toda vez que eu perco a distração. Toda vez que eu me sinto sozinho. Toda vez que eu me pego chorando. A brisa entra pela janela do ônibus – bagunça meu cabelo – e eu aceito isso como carinho teu. E agradeço ao universo por este breve ponto da eternidade que você esteve presente em minha vida.
Julieta, se eu repito teu nome é porque eu sei que tu jamais vais me deixar. Eu sei que olhas por mim. Que sempre será recíproco. Que apesar de todas as circunstâncias, ainda és o meu bem. O meu amor estrela guia. A minha pessoa preferida nesta vida.
A minha saudade mais bonita.
Pássaro Que Não Voa
Meu bem. Meu bem. Eu não precisava ser esse ser humano que nasceu para amar demais. Eu nunca quis está perdidamente apaixonado por alguém. Eu que. Você que. Nós que nunca nos damos muito bem com esse negócio de relacionamento.
Devo admitir que eu não te procurava e hoje em dia, já não falo mais por mim...
Pássaros sem asas.
Pássaros que não voam – nós amamos a liberdade – e pela primeira vez, eu decidi ficar. Até quando o voo é curto, até enquanto eu ainda consigo te tocar, tudo que eu sinto é vontade de regresso. Vontade de morar no teu beijo. Mergulhar de cabeça no teu olhar.
Eu respiro a brisa na beira do precipício. A queda é livre. É opcional. Mas um passo e tu casualmente, segura na minha mão. Eu me permito pular junto. Eu me permito amar de novo. Eu sinto uma paz de espirito enorme quando mesmo cansado da rotina, tu sorrir amarelo para mim. Ou me liga para perder sono.
Hoje, meu maior desejo é de nunca me afastar. Amanhã, quero fazer ninho no teu peito e morar em ti.
Devo admitir que eu não te procurava e hoje em dia, já não falo mais por mim...
Pássaros sem asas.
Pássaros que não voam – nós amamos a liberdade – e pela primeira vez, eu decidi ficar. Até quando o voo é curto, até enquanto eu ainda consigo te tocar, tudo que eu sinto é vontade de regresso. Vontade de morar no teu beijo. Mergulhar de cabeça no teu olhar.
Eu respiro a brisa na beira do precipício. A queda é livre. É opcional. Mas um passo e tu casualmente, segura na minha mão. Eu me permito pular junto. Eu me permito amar de novo. Eu sinto uma paz de espirito enorme quando mesmo cansado da rotina, tu sorrir amarelo para mim. Ou me liga para perder sono.
Hoje, meu maior desejo é de nunca me afastar. Amanhã, quero fazer ninho no teu peito e morar em ti.
A Culpa É Do Universo
Aconteceu uma coisa chata hoje: meu ventilador simplesmente parou de funcionar. Antes, eu ficava ouvindo o barulho da hélice girar e era meio que como uma terapia, já que sempre foi fácil pegar no sono. Amanhã eu vou comprar um novo e parcelar em 3 vezes no cartão. Mas hoje, bem, hoje eu vou me permitir pensar em você.
Vou, porque faz tempo que eu evito e ao que parece, não está ajudando em nada nesse processo de esquecimento. Já devem somar uns sete meses desde o dia em que a gente se esbarrou na Avenida Augusta e meio que nos falamos, só que rapidamente. Devo confessar que você estava linda demais. Sempre foi, mas é que como a gente se via todo dia, eu meio que já tinha me adaptado a tanta boniteza sua. Eu já tinha me adaptado ao seu jeito de ser, tanto, que tu fazias parte de mim. Olhos fechados. Eu não posso evitar o fato de que vez ou outra eu ainda me pergunte o que houve com a gente. Onde eu errei. O que faltou. E muito embora você insista em dizer que as coisas simplesmente acontecem e desacontecem nesta vida louca, demorou bastante tempo até eu conseguir digerir isso tudo. Eu tinha comprado as alianças porque eu queria me casar contigo, sabe. E aí, numa quarta-feira qualquer, você me diz que conheceu alguém chamado Luís e que precisava de um tempo para reorganizar seus sentimentos e rever algumas coisas. Depois desse tempo, o que me sobrou foi aceitar o fato de que a mesma mulher que guardava suas calcinhas junto das minhas cuecas na gaveta, que me amou um dia, que transava comigo sem camisinha, que eu apresentei para minha mãe como o amor da minha vida, hoje desfila por aí segurando na mão de outro homem. O que me sobrou, de fato, foi aceitar que hoje você está ainda mais feliz, o que é melhor, do que me ver morrendo de saudades de ti. Devo dizer também, que já não choro e que como você mesma disse, muito provavelmente eu iria superar tudo isso logo, logo. Ontem, vendi as alianças na Olx e o mais bonito nisso tudo, é que finalmente as minhas esperanças acabaram. Eu aceitei que você encontrou alguém melhor que eu. Eu aceitei que certas coisas não precisam ser eternas para serem bonitas. Hoje, daqui de longe, eu te vejo feliz e já não me sinto frustrado. Já não me pergunto o que diabos ele tem que eu não tenho. Já não me questiono. Já achei minhas respostas. Hoje eu te vejo sorrindo nas fotos com ele, e me sinto bem, porque acima de tudo, eu quero que você seja feliz. Hoje, com o quarto em silêncio, eu me permitir lembrar de ti como uma pessoa que foi importante na minha vida e não, não se preocupe meu amor, eu jamais te culparei por ter encontrado um amor mais bonito que o meu nesta vida.
Vou, porque faz tempo que eu evito e ao que parece, não está ajudando em nada nesse processo de esquecimento. Já devem somar uns sete meses desde o dia em que a gente se esbarrou na Avenida Augusta e meio que nos falamos, só que rapidamente. Devo confessar que você estava linda demais. Sempre foi, mas é que como a gente se via todo dia, eu meio que já tinha me adaptado a tanta boniteza sua. Eu já tinha me adaptado ao seu jeito de ser, tanto, que tu fazias parte de mim. Olhos fechados. Eu não posso evitar o fato de que vez ou outra eu ainda me pergunte o que houve com a gente. Onde eu errei. O que faltou. E muito embora você insista em dizer que as coisas simplesmente acontecem e desacontecem nesta vida louca, demorou bastante tempo até eu conseguir digerir isso tudo. Eu tinha comprado as alianças porque eu queria me casar contigo, sabe. E aí, numa quarta-feira qualquer, você me diz que conheceu alguém chamado Luís e que precisava de um tempo para reorganizar seus sentimentos e rever algumas coisas. Depois desse tempo, o que me sobrou foi aceitar o fato de que a mesma mulher que guardava suas calcinhas junto das minhas cuecas na gaveta, que me amou um dia, que transava comigo sem camisinha, que eu apresentei para minha mãe como o amor da minha vida, hoje desfila por aí segurando na mão de outro homem. O que me sobrou, de fato, foi aceitar que hoje você está ainda mais feliz, o que é melhor, do que me ver morrendo de saudades de ti. Devo dizer também, que já não choro e que como você mesma disse, muito provavelmente eu iria superar tudo isso logo, logo. Ontem, vendi as alianças na Olx e o mais bonito nisso tudo, é que finalmente as minhas esperanças acabaram. Eu aceitei que você encontrou alguém melhor que eu. Eu aceitei que certas coisas não precisam ser eternas para serem bonitas. Hoje, daqui de longe, eu te vejo feliz e já não me sinto frustrado. Já não me pergunto o que diabos ele tem que eu não tenho. Já não me questiono. Já achei minhas respostas. Hoje eu te vejo sorrindo nas fotos com ele, e me sinto bem, porque acima de tudo, eu quero que você seja feliz. Hoje, com o quarto em silêncio, eu me permitir lembrar de ti como uma pessoa que foi importante na minha vida e não, não se preocupe meu amor, eu jamais te culparei por ter encontrado um amor mais bonito que o meu nesta vida.
Para sempre, Caio
Você me disse: Você vai encontrar alguém melhor que eu. Disse isso antes de eu abrir a porta e ao sair, aceitar o fato de que você não me queria mais. Acontece. O fato é que, já fazem dois anos e eu nunca mais achei alguém tão leve e seguro de si, como você. É difícil, eu sei, pessoas bacanas neste mundo sobraram poucas, aqui em São Luís então, nem se fala. Eu já tive mais sorte. E não que eu esteja procurando isso em outros caras, mas o que parece é que não existe mais ninguém diferente nesta cidade. Eu nunca sei quando alguém está sendo sincero, também, tenho um medo enorme de estar sendo enganada por esses caras que me colocam na lista de espera de possíveis ficas. Depois de você, jamais confiei em outro homem. Tu não tinhas isso de promessas vazias, de me prometer aquilo que possivelmente, não iria me dá. Tudo que eu tinha era tua verdade. Tua simplicidade. Teu modo de falar, teus vícios de linguagem, as palavras que eu só ouvia da sua boca, o jeito de brincar, o jeito de observar o mundo, o simples modo de digitar e jamais abreviar sequer uma palavra. Eu amava teus detalhes. Eu olho para os lados, e todos os meus contatos são com pessoas vazias, em outras, ainda sou enganada porque as vezes prefiro não julgar. Eu estou tranquila, eu estou bem, eu não tenho necessidades em ter alguém, mas sempre que acontece, eu ainda me permito. Faço isso porque é exatamente a vontade que dá, de tentar, de não perder as esperanças, porque com certeza deve ter outras pessoas bacanas pelo mundo e que possivelmente, pode aparecer na minha vida de uma hora para outra e eu já não posso perder a oportunidade de deixar esse nosso antigo romance para lá... mas acontece que eu ando tão cansada disso tudo, sabe. Eu quero alguém que se aceite e me aceite e que não queira me surpreender a cada momento só para ter controle sobre as situações. O que eu mais acho é homem que só quer me levar para cama. Que me chama para dançar na balada e se não me beija depois da primeira música, já perde o interesse porque só me quer para ser o seu troféu da noite. Quando te conheci, tu foste tão educado. Eu queria alguém educado assim, leve assim, tranquilo assim, alguém que me convidasse para comer um hambúrguer na lanchonete do seu Lorival, que não queira segurar o tempo todo na minha mão, que não corra para o facebook e mude seu status só para ter um status. Quero alguém que não me prenda, que não me controle, que não faça piadinhas quando eu decidir sair para a balada com minhas amigas ou decidir jantar com meu melhor amigo. Alguém que discuta comigo sobre livros, sobre política, sobre o que saiu no jornal hoje ou que simplesmente, abra seu coração e me conte com detalhes como foi seu dia. Quero somente o que for sincero e verdadeiro. Quero alguém que não tenha medo e que me tenha primeiro, como uma boa amiga. Alguém para confiar, para deixar entrar, para saber a senha do celular e mesmo assim não ler nenhuma mensagem porque a confiança é maior que isso. Quero conhecer um mundo interior de alguém diferente de mim, alguém que queira sombra e água fresca ao invés de se entregar a rotina competitiva desse mundo sombrio. Eu ainda não achei ninguém assim. Depois de você, os outros foram os outros, e só. Eu nunca mais esbarrei em alguém realmente bacana. Eu nunca mais esbarrei em alguém que frequente um museu, que tenha um diálogo interessante, que tenha algum livro para me emprestar e correr o risco de nunca mais vê-lo. Eu sou essa pessoa que convida, mas eles são as pessoas que não tem esse tipo de interesse. Eu nunca mais te vi. Nas segundas-feiras você nunca mais voltou. Em alguns sábados, eu nunca mais achei um recado numa folha qualquer do meu caderno da faculdade. Também, nem tenho notícias sobre ti. Se te amei, foi porque você foi a diferença entre essa normalidade chata desse mundo fútil. Se te amei um dia, percebo que não importa o que aconteça ou quantos outros homens eu volte a amar, partes de mim ainda serão felizes ao lembrar da tua existência e esse nosso amor, ainda vai permanecer adormecido dentro de mim. Você foi. E eu fiquei. E nunca esbarrei com esse alguém melhor que você, que você me disse que eu iria encontrar.
Respire Calmamente
Depois da quarta ligação perdida eu atendi.
– Que foi Zé?
– Por favor, não desliga.
– Fala.
– Volta comigo Marcus? – Foi uma pergunta meio retórica. Ele quase sussurrou. – Me desculpa os erros, a falta de maturidade, a falta de juízo. Eu sei que tu me amas e também sei que só o amor não é tudo porque tu já conversaste comigo sobre e também sei que eu não sou um ser humano bom. Mas por favor, não pensa muito meu amor. Volta para mim...
– Não posso. – Engolir o nó na garganta.
– Porque cara?
– Porque? Tu me traíste Zé. Esqueceu? Tu esqueceste disso? Quem foi que eu peguei beijando outro cara no banheiro do Athenas? Foi você meu amor. Foi você que partiu meu coração primeiro. Foi você que fez eu capotar o carro e passar dois dias internado. Foi você que fez me desistir da gente.
– Me desculpe cara. – Ele começou a chorar. Ele sempre chora muito fácil. Ele fica com as bochechas vermelhas quando chora. – Por favor, eu não sei o que eu fiz, eu estava bêbado. Tu que é o meu amor verdadeiro Marcus.
– Vou desligar. – Quis encerrar esse momento dramático na minha existência.
– Não, por favor.
– Nós já conversamos, José Felipe.
– Minha vó quer falar contigo.
– Não quero falar com a tia Joana agora. Já está tarde. Deixa ela dormir. – O telefone ficou uns segundos em silêncio. – Zé?
– Oi filho, sou eu...
– Oi tia. – Meus olhos transbordaram. Também, perdi a voz. Cair no abismo.
– Não chora meu amor. – Ela notou.
– Óquei.
– Olha, o José Felipe tem me perseguido bastante desde o dia em que tu deixou ele. Já conversei, já expliquei, já fiz de tudo. Mas tu bem sabes como ele é né. Quer que eu te convença a voltar. Ele sabe que não pode me pedir isso. Ele sabe. Mas não. Ele não entende que cada um escolhe o que é melhor para si... – Ele chamou atenção dela do outro lado, ela respondeu qualquer coisa em voz baixa. Eu esperei.
– Entendo a senhora tia. Mas não. Eu não posso. Eu já conversei com ele. Já desculpei. Já perdoei. O que ele fez não tem... falar nisso, ele já te disse o motivo disso tudo?
– Já...
(Pausa de uns onze segundos em silêncio.)
– Eu amo o seu neto, tia. Você sabe disso. Mas...
– Eu sei.
– Mas eu não posso me permitir. Eu não posso me submeter a isso. Eu não posso aceitar e encarar essa situação dessa maneira. Eu já disse que podemos ser amigos. Mesmo ele fazendo o que fez, eu desculpei. Foi ele quem escolheu me machucar tia. Eu só não quero mais continuar assim.
– Entendo. Mas...
– Mas o que? – Eu a interrompi. – Por favor... eu não vou perdoar uma traição. Eu já sofri tanto nessa vida, sabe. Eu não tenho mais força para conviver com a falta de confiança. Eu confiava no José Felipe, a senhora sabe. Eu sempre dei toda liberdade que eu gostaria de ter. Eu sempre o amei da forma mais verdadeira possível. Eu sempre fui sincero. Eu me entreguei de corpo e alma para esse amor. Então...
– Então tentar perdoar meu bem. Ele se arrependeu. Vive chorando o dia todo. Tenta dá uma chance...
– Já tentei. Mas não.
– Eu te entendo.
(Pausa de mais uns dez segundos.)
– Ainda quer falar com ele?
– Não. Só dá um abraço apertado nele por mim.
– Posso dá um beijo também?
– Não faz isso comigo tia.
– Vou dizer que tu precisas de um tempo para pensar.
– Óquei.
– Que foi Zé?
– Por favor, não desliga.
– Fala.
– Volta comigo Marcus? – Foi uma pergunta meio retórica. Ele quase sussurrou. – Me desculpa os erros, a falta de maturidade, a falta de juízo. Eu sei que tu me amas e também sei que só o amor não é tudo porque tu já conversaste comigo sobre e também sei que eu não sou um ser humano bom. Mas por favor, não pensa muito meu amor. Volta para mim...
– Não posso. – Engolir o nó na garganta.
– Porque cara?
– Porque? Tu me traíste Zé. Esqueceu? Tu esqueceste disso? Quem foi que eu peguei beijando outro cara no banheiro do Athenas? Foi você meu amor. Foi você que partiu meu coração primeiro. Foi você que fez eu capotar o carro e passar dois dias internado. Foi você que fez me desistir da gente.
– Me desculpe cara. – Ele começou a chorar. Ele sempre chora muito fácil. Ele fica com as bochechas vermelhas quando chora. – Por favor, eu não sei o que eu fiz, eu estava bêbado. Tu que é o meu amor verdadeiro Marcus.
– Vou desligar. – Quis encerrar esse momento dramático na minha existência.
– Não, por favor.
– Nós já conversamos, José Felipe.
– Minha vó quer falar contigo.
– Não quero falar com a tia Joana agora. Já está tarde. Deixa ela dormir. – O telefone ficou uns segundos em silêncio. – Zé?
– Oi filho, sou eu...
– Oi tia. – Meus olhos transbordaram. Também, perdi a voz. Cair no abismo.
– Não chora meu amor. – Ela notou.
– Óquei.
– Olha, o José Felipe tem me perseguido bastante desde o dia em que tu deixou ele. Já conversei, já expliquei, já fiz de tudo. Mas tu bem sabes como ele é né. Quer que eu te convença a voltar. Ele sabe que não pode me pedir isso. Ele sabe. Mas não. Ele não entende que cada um escolhe o que é melhor para si... – Ele chamou atenção dela do outro lado, ela respondeu qualquer coisa em voz baixa. Eu esperei.
– Entendo a senhora tia. Mas não. Eu não posso. Eu já conversei com ele. Já desculpei. Já perdoei. O que ele fez não tem... falar nisso, ele já te disse o motivo disso tudo?
– Já...
(Pausa de uns onze segundos em silêncio.)
– Eu amo o seu neto, tia. Você sabe disso. Mas...
– Eu sei.
– Mas eu não posso me permitir. Eu não posso me submeter a isso. Eu não posso aceitar e encarar essa situação dessa maneira. Eu já disse que podemos ser amigos. Mesmo ele fazendo o que fez, eu desculpei. Foi ele quem escolheu me machucar tia. Eu só não quero mais continuar assim.
– Entendo. Mas...
– Mas o que? – Eu a interrompi. – Por favor... eu não vou perdoar uma traição. Eu já sofri tanto nessa vida, sabe. Eu não tenho mais força para conviver com a falta de confiança. Eu confiava no José Felipe, a senhora sabe. Eu sempre dei toda liberdade que eu gostaria de ter. Eu sempre o amei da forma mais verdadeira possível. Eu sempre fui sincero. Eu me entreguei de corpo e alma para esse amor. Então...
– Então tentar perdoar meu bem. Ele se arrependeu. Vive chorando o dia todo. Tenta dá uma chance...
– Já tentei. Mas não.
– Eu te entendo.
(Pausa de mais uns dez segundos.)
– Ainda quer falar com ele?
– Não. Só dá um abraço apertado nele por mim.
– Posso dá um beijo também?
– Não faz isso comigo tia.
– Vou dizer que tu precisas de um tempo para pensar.
– Óquei.
Onde Você Foi
Moreno, vamos marcar qualquer dia desses pra ir no cinema da praia grande. Tu veste aquela camisa branca que cai super bem em ti e me liga num dia qualquer. De preferência depois das 22h. É que eu tenho novidades pra te contar, apesar de não ter nenhuma certeza se tu ainda tem interesse em me ouvir. Eu tenho me tornando alguém melhor desde aquele dia em que tu fechou a porta e me disse pra não te procurar mais. Já não seguro a fumaça dentro dos pulmões até arder. Já larguei a maconha. Já superei a mania de ficar bêbado e te ligar as 4h da manhã pra dizer que tu é o amor da minha vida. Fora isso, acho que acabei parando de pensar tanto no teu jeito de sorrir e sorrir dessa lembrança bonita... É que moço, nesse meio tempo eu cheguei tão fundo dentro do poço que concluir que eu não preciso de nada disso do mesmo jeito que não preciso mais de você pra me sentir vivo. O amor não é tudo. O amor nunca foi tudo. E não será agora que este vai ser. Já não preciso ficar fora de órbita pra evitar pensar tanto na gente. Já meio que quase te esqueci. Também, tenho mantido firme os pés no chão e acabei de colocar aquela nossa música triste pra tocar. Os olhos até marejam, não vou mentir, mas eu disfarço o choro, olho pra cima e o mar aparentemente calmo dentro de mim, já não transborda... Então, me tira pra dançar hoje a noite moço? Me obrigue a organizar as quinquilharia que você deixou comigo. Me mostre o caminho da ponte mais próxima e caminhe comigo pelas ruas do teu próprio desapego. Me põe pra dormir. Me ajude a pelo menos não tentar reduzir os meus batimentos cardíacos a zero. Eu ainda prefiro o sobe e desce. Eu sei que ainda existem outros amores por ai. Eu tento te esquecer, mas tudo que eu faço é te lembrar e te querer. Ou te querer pra te lembrar cada vez mais. Tudo que eu faço é reviver. Tudo que eu queria era entrar na chuva sem me preocupar com um futuro resfriado. Tudo que eu queria era tomar uma ducha fria e me deixar esvaziar pelo ralo do banheiro no meio dessa madrugada sem sono. Me obrigue a beber, me ajude a alcançar a inconsciência, me ensina a descansar o cansaço dessa vida longe do teu peito. Quando eu acordar, já quero ter esquecido que eu morri a meses atrás e ainda não me tornei nada do que eu gostaria de ser. Que muito provavelmente nunca darei a volta por cima. Que hoje eu quero tirar os chinelos e sentir a dor de todas as topadas do meu caminho. Que quero me jogar do primeiro precipício e morrer do impacto com a realidade que é a tua ausência. Que é essa saudade. Que é esse coração partido. Amor não correspondido. Tanto faz. Eu estou tão cansado desse despertador. Desativa minha conta do facebook. Exclua nossas fotos. Deleta essa minha solidão. Ou me chama pra sair. Ou amanhã, pelos menos, me ajude a fugir da cidade, ou quebrar os elos com a lua, ou me presentei com o seu edredom, que é melhor do que me ver sofrer de tantas saudades de ti. Eu vou me acostumando. Porque de verdade, eu quero sentir tudo sem medos, eu quero absorver todo o tédio dessa existência sem o nós, eu quero olhar no espelho e me ver em primeiro lugar. Mas é que hoje eu te vi no terminal cara, indo pra qualquer lugar que eu já perdi o direito de saber onde seria faz tempo. Eu quis sair correndo atrás de ti, e te abraçar. E te esquecer. Mas te esquecer te abraçando.
Querido Carma
Eu estava entre os lenções do Pedro quando tua mensagem chegou. Saudades. Eu meio que fiquei admirado. Pedro percebeu minha reação e perguntou quem era, eu disse que era bobagem e deixei o celular na mesinha do lado. Soletrei a palavra sau-da-des três vezes na mente pra ter certeza se ainda fazia algum sentido pra mim e constatei que não. Engraçado não é? Eu te superei. Eu mergulhei fundo nesse abandono e por mais que eu quisesse, não morri, mas acabei encontrado no meio de todo aquele caos, um porto seguro. E é verdade, eu não estou inventado isso pra esfregar na sua cara que eu dei a volta por cima, mas pra dizer que precisamos falar sobre o Pedro. Ele é uma cara bacana. Gosta de mim. A gente se gosta. Já fazia um bom tempo que nem lembrava de ti. São três e vinte e seis da madrugada, o Pedro dormiu, eu estou relendo a tua mensagem agora. Saudades? Eu não vou responder. Eu não preciso responder. Eu não. Eu respondo: eu já não me importo. Tu responde: a gente precisa conversar. Eu penso: poxa Lucas, porque tu faz isso comigo cara. A gente não precisa conversar mais nada. A gente já conversou sobre tudo. Eu não pretendo voltar a viver aquele amor que não é saudável. Eu não... São quatro e cinquenta e cinco, quase cinco da manhã e eu não sei mais atravessar essa ponte que me separa do sono. A palavra saudades estar me fazendo virar de um lado pro outro na cama. Eu estou prestando atenção na minha respiração, o Pedro dorme profundamente aqui do meu lado, eu passo a mão entre seus cabelos ruivos e penso comigo mesmo que ele não merece ser mais um tapa buracos nesta minha vida infeliz. Sinto dizer que não tem espaço pra ti ou não deveria ter mais... Mas, nesta altura do campeonato eu releio a tua mensagem, e olhar para ele aqui do meu lado me faz sentir uma culpa tão grande que é maior que o peso de todos os oceanos juntos. A minha consciente pesa. Eu sinto vontade de levantar pra fumar, encher os pulmões, me jogar da janela desse apartamento pra nunca voltar a pensar em ti. Se tua intenção era me fazer refletir sobre o que eu sinto por ele, tu foi bem sucedido. Porque infelizmente, eu não sei mais me apaixonar por outra pessoa desde o dia em que por descuido, eu te conheci. Entenda que eu sou profundamente infeliz por sua causa cara. É uma pena. É um desastre. Esse amor – que mais parece um carma – que eu sinto por ti, não pretende libertar esse meu coração amaldiçoado. Eu preciso que você me deixe em paz. Porque tu sempre aparece quando eu já estou no último degrau do teu esquecimento. Porque tu sempre aparece quando eu já estou me interessando verdadeiramente por outra pessoa. Segue o teu rumo. Me deixa te superar. Não é porque eu te amo que tu pode me procurar assim que não achar ninguém melhor que eu neste mundo. O sol apareceu. Não pode ser mais uma recaída. Eu não posso passar a vida toda voltando para as drogas. Me deixa ir. Me deixa tentar. Eu respondo: pode ser hoje.
Mesmo que mude
É uma pena que a vida passe tão depressa. A verdade é que o tempo voa amor, e toda vez que tu te afasta – mesmo sabendo que vou te ver amanhã – eu penso aqui comigo que eu deveria ter desviado do teu caminho, ou aliás, não deveria ter ido no Reviver naquele dia, ou deveria ter ido embora mais cedo, ou ter morrido por ai. É que o tempo que eu tinha já estava minuciosamente planejado e tu acabou bagunçando tudo. É uma pena que a vida passe. Porque quanto mais ela passa, mas aumenta a graça em ti viver. E de todos as coisas que eu precisava, nenhuma delas era estar perdidamente apaixonado por ti. Entenda que eu nunca quis e agora já não sei viver como antes. Logo eu, que sempre tive esse tédio todo com os seres humanos e sempre pensei numa saída, de repente me sinto disposto a viver uma vida longa só pra ter tempo suficiente de guardar todo esse teu caos dentro de mim e nunca mais esquecer o tom de castanho da tua barba rala. Eu, que sempre preferir a paz da solidão, o silêncio dos lugares silenciosos, os dias de cinema solo, me pego animando demais pra ir num barzinho de quinta da Lagoa e mergulhar na tua boêmia. Eu, este ser humano tapado, que nunca gostou de tá conhecendo gente nova, agora quero ser amigo daquela tua melhor amiga porque ela é um ser humano bonito. Eu que nunca. Eu que sempre achei essas coisas meio. Me pego feito bobo ouvido as poesias que tu me manda no whatsapp e repito, repito, repito...
Me segura.É uma pena que a vida. Você deveria ter ido embora todas as vezes em que eu. Você tinha que esquecer todas as vezes em que eu disse. Você não precisava conhecer o meu eu que eu mesmo já tinha. Você não tinha que me contar sobre os livros incríveis que você já. Não me mande flores. Não me mande as músicas de The Swell Season e me faz amar Phill Veras assim. Eu tento a todo custo não te sufocar. Ai eu tive que te esquecer pra te lembrar e te lembrei pra te esquecer e agora eu sou um acumulador de poesias tuas. Nossos caminhos foram abandonados e passamos a seguir esse novo rumo que vai nos levar sabe Deus pra onde. Eu segurei na tua mão sem achar tudo isso clichê. Eu que. Você que. A gente que não nunca quis. E agora, só depois de te amar tanto, toda vez que eu te vejo desaparecer na minha rua penso comigo que eu não deveria te amar assim. E não que você não mereça, mas que eu não precisava ser esse homem que nasceu pra gostar demais.
Eu estou caindo, profundamente e cada vez mais, no teu precipício cara. Eu que sempre tive o pé atrás, agora não me renego aos prazeres da vida e muito menos aos que você me proporciona. Eu, que nunca deixo ninguém saber nem o suficiente, te deixei conhecer até os gostos mais íntimos. Eu que só olhava a tragédia do mundo, prestei atenção nas frases de esperança pichadas no terminal da praia grande. Eu que não tinha salvação, agora me vejo dando tchau pro inferno.
Entre Amigos
A gente tinha combinado que dessa vez seria só amizade, até porque ela me considerava como amigo e mesmo assim, estava namorando serio faz tempo. E sim, foi em nome dos velhos tempos que eu aceitei seu convite pro cinema.
– Acho melhor não.
– Eu quero assistir esse filme faz tempo, vamos?
– Eu preciso comer alguma coisa. Vamos ali no Arabian?
– Não, tá tarde.
– Tá mesmo, mas onde eu vou comer?
– Come lá em casa, tem janta ainda...
– Sim, mas depende do que é a comida de lá...
– Estrogonofe de frango.
– Eu adoro estrogonofe de frango. – Eu falei rindo e seguimos para o ponto de ônibus. Não é todo dia que a gente acha estrogonofe de frango por ai de graça.
Pegamos o primeiro ônibus pro Monte Castelo. No caminho ela me disse que estava sozinha em casa e eu pensei: Porra, fodeu. Eu acho melhor não. Sério, ela é linda, tem uma boca deliciosa e um corpo incrível, mas eu já apanhei demais nessa vida cara. Esse tipo de encrenca eu conheço de longe, até porque já aconteceu da gente se pegar. Descemos na primeira parada do bairro. Entramos na casa dela. Ela realmente estava sozinha e eu só pensava aqui com meus miolos: eu só vim comer uma coisa e está coisa se chama estrogonofe, ES-TRO-GO-NO-FE, de frango.
– Acho melhor não.
– Eu quero assistir esse filme faz tempo, vamos?
Texto não recomendado para menores de 18 anos. Possui linguagem explícita.Eu, como melhor amigo, fiz jus a minha atribuição na vida dela. O filme até que foi bacana, discutimos sobre, rimos, nos divertimos e na hora de ir embora, eu disse que estava morto de fome.
– Eu preciso comer alguma coisa. Vamos ali no Arabian?
– Não, tá tarde.
– Tá mesmo, mas onde eu vou comer?
– Come lá em casa, tem janta ainda...
– Sim, mas depende do que é a comida de lá...
– Estrogonofe de frango.
– Eu adoro estrogonofe de frango. – Eu falei rindo e seguimos para o ponto de ônibus. Não é todo dia que a gente acha estrogonofe de frango por ai de graça.
Pegamos o primeiro ônibus pro Monte Castelo. No caminho ela me disse que estava sozinha em casa e eu pensei: Porra, fodeu. Eu acho melhor não. Sério, ela é linda, tem uma boca deliciosa e um corpo incrível, mas eu já apanhei demais nessa vida cara. Esse tipo de encrenca eu conheço de longe, até porque já aconteceu da gente se pegar. Descemos na primeira parada do bairro. Entramos na casa dela. Ela realmente estava sozinha e eu só pensava aqui com meus miolos: eu só vim comer uma coisa e está coisa se chama estrogonofe, ES-TRO-GO-NO-FE, de frango.
Perder-se
Email 867/868Eu tinha me perdido naquele dia em que esbarrei num barzinho de quinta lá no Rio e acabei te conhecendo. Tu salvou a minha vida e nunca soube disso cara. Eu tinha ido deixar um currículo numa lojinha de roupas pra ser vendedor e de repente eu não sabia onde eu estava. Na verdade eu nunca sei mesmo onde eu estou, mas dessa vez eu tinha medo por que só tinha gente exótica naquela parte da cidade... Talvez até hoje eu ainda estivesse por ai, dormindo por debaixo da ponte ou querendo voltar pra minha terra. Mas agora eu sei que é mesmo verdade o que dizem, perder-se também é caminho. E foi. E hoje, eu me perderia de novo só pra te encontrar por ai. Me perderia só pra não perder a chance de deixar você entrar na minha vida e causar o estrago que causou. Acho que eu sou dessas pessoas que gostam de sofrer, sabe. Eu fico olhando teu instagram procurando notícias de você, qualquer coisa que me mostre que você está bem. E não sei bem porque eu faço isso. Mas eu adoro fechar os olhos e lembrar da profundidade que teus olhos tem. Eu adoro morder os lábios e imaginar tua voz surrando sacanagens no meu ouvido. Porra Dan, assim tu me fode cara. Tudo aqui lembra você, inclusive o nada que me sobrou. Os dias engraçados, as luzes da cidade, o peso da bagagem. O jeito como você era discretamente feliz no meio de todo esse caos. Eu te admiro. É bonito ver você distribuir seus sorrisos amarelos por ai e que se dane o mundo. E que se dane tudo. Tu tem uma alma livre que eu tentei a todo custo manter voando por perto de mim. Mas você nunca foi assim Dan, cê nunca foi daqueles pássaros que regressam pra casa depois da longa viagem. Você se foi, e eu soube que foi pra não voltar e aceitei isso. E tudo bem, tudo bem. Quem sabe um dia eu me perca de novo e ainda me ache em você...
Perder-se também é caminho.
— Clarice Lispector
Então...
– Tu conhece Barreirinhas? – Ele me encarou.
– Mais ou menos. Por que?
– Porque ficar aqui assim contigo me lembra o dia em que eu fiquei na beirada de uma lagoa lá em Barreirinhas, comendo peixe frito com a família de Juliana, uma menina que eu conheci. O céu estava quase igual, mais bonito, é claro. Cheguei semana passada de lá e cara, incrível aquele lugar... – Ele disse.
– Já faz tempo que eu fui. Mas não conheci os lençóis. Só fui fazer uma pesquisa de campo quando eu fazia curso.
– Cara, olha que eu já fui em muitos lugares, mas eu nunca tinha visto uma coisa tão bonita.
– O céu deve ser mais bonito lá...
– Sério. Muito mais. É muito estranho ver várias lagoas enormes de água cristalina no meio de tanta areia. A casa da July fica em Santo Amaro, e ai ela me levou pra conhecer vários lugares no mesmo dia e no fim da tarde, a gente foi pra um lugar chamado Farol... – Ele sorriu. – Que é exatamente um Farol mesmo, mas não só. Ai nós subimos e de lá deu pra olhar a imensidão que era aquele lugar. Eu fiquei sem fôlego cara. É muito bonito ver que depois de tanta areia tinha um mar calmo e esquisito e deserto e que eu tinha enfrentado tudo aquilo até chegar ali. Eu estava tão cansado que sentei na beira daquela imensidão enquanto o sol, lentamente, ia embora ao oeste de mim. De repente, sem mais nem menos, me deu vontade de chorar sabe. – Ele me olhou cheio de brilho nos olhos e falou sorrindo. – E eu chorei muito. Porque eu nem sabia o que agradecer, se a sorte de estar vivo pra viver tudo aquilo ou o privilégio de ter feito esta viagem só pelo fato de chegar ali e sentir a calmaria que a natureza por si só emana. Eu me senti conectado com mundo. Eu me sentir pequeno, mas não esquecido ou insignificante. Eu me sentir vivo sabe. Eu não sou feliz. Mas naquele instante, nada mas importava. A empresa aqui, a minha mãe alcoólatra, a falta de grana, o desapontamento dos meus chefes pelo negócio todo não ter dado certo, meu irmão que tá em Belém. Enfim, eu fechei os olhos, escutei o mar e esqueci... – Enquanto ele falava, eu fiquei pensado no momento que ele descrevia. Ele lembrou de tudo com tanta emoção e sentimento que dava pra ver no seu rosto ainda queimado pelo sol. E eu não vou te mentir, agora que ele estava olhando para as luzes do outro lado da cidade, ele parecia muito mais bonito do que era. – Já sentiu isso?
– Acabei de sentir. – E sorrir pra ele e ele sorriu de volta. – Quando puder, quero ir comer peixe frito na casa dessa tal de Juliana.
– Ela é uma ótima pessoa.
– Tu também parece ser cara. Eu mal te conheço e tal. Mas eu sinto isso. E pode ser que eu esteja errado e que você só esteja afim de me surpreender, mas eu não ligo não.
Ele colocou a mão sobre a minha, que estava apoiada no banco e eu acabei olhando fundo nos olhos dele. E se é mesmo verdade que os olhos não mentem, eu pude ver naquele olhar exatamente o que ele queria. Ele lambeu os lábios ressecados e eu fugir.
– Já são duas. Preciso ir... – Tirei a mão de baixo e olhei o relógio na tela do celular.
Quando eu ia me levantando, ele se levantou atrás de mim e me puxou pelo braço. Eu meio que me encostei na parede perto da porta do bar e ele ficou me encarando como que esperando alguma reação minha. Próximo o suficiente. Mas eu só olhava para aquela boca vermelha e sentia o cheiro do perfume misturado com álcool e cigarros fumados há algum tempo. Eu o olhei nos olhos e no instante em que ele quis ir em frente, eu virei o rosto, ele sorriu e me abraçou forte. O cheiro dele ficou intenso. Eu fechei os olhos e sentir vontade de ficar assim até a noite acabar.
– Qual é mesmo o teu nome cara? – Sussurrei no ouvido dele.
– Cassiano.
– Cassiano, eu preciso ir. Acordo muito cedo amanhã.
– Dorme lá em casa. Eu te deixo no serviço amanhã.
– Eu não costumo dormir com gente que eu acabei de conhecer.
– Eu também não. Mas hoje eu quero.
– Eu também.
– Então vamos.
– Hoje não.
– Eu sei que você quer ir.
– Tu sabe que eu quero ir. Mas eu sou difícil.
– Eu te conquisto lá em casa.
– Eu não costumo dormir fora.
– Acostume-se.
– Mais ou menos. Por que?
– Porque ficar aqui assim contigo me lembra o dia em que eu fiquei na beirada de uma lagoa lá em Barreirinhas, comendo peixe frito com a família de Juliana, uma menina que eu conheci. O céu estava quase igual, mais bonito, é claro. Cheguei semana passada de lá e cara, incrível aquele lugar... – Ele disse.
– Já faz tempo que eu fui. Mas não conheci os lençóis. Só fui fazer uma pesquisa de campo quando eu fazia curso.
– Cara, olha que eu já fui em muitos lugares, mas eu nunca tinha visto uma coisa tão bonita.
– O céu deve ser mais bonito lá...
– Sério. Muito mais. É muito estranho ver várias lagoas enormes de água cristalina no meio de tanta areia. A casa da July fica em Santo Amaro, e ai ela me levou pra conhecer vários lugares no mesmo dia e no fim da tarde, a gente foi pra um lugar chamado Farol... – Ele sorriu. – Que é exatamente um Farol mesmo, mas não só. Ai nós subimos e de lá deu pra olhar a imensidão que era aquele lugar. Eu fiquei sem fôlego cara. É muito bonito ver que depois de tanta areia tinha um mar calmo e esquisito e deserto e que eu tinha enfrentado tudo aquilo até chegar ali. Eu estava tão cansado que sentei na beira daquela imensidão enquanto o sol, lentamente, ia embora ao oeste de mim. De repente, sem mais nem menos, me deu vontade de chorar sabe. – Ele me olhou cheio de brilho nos olhos e falou sorrindo. – E eu chorei muito. Porque eu nem sabia o que agradecer, se a sorte de estar vivo pra viver tudo aquilo ou o privilégio de ter feito esta viagem só pelo fato de chegar ali e sentir a calmaria que a natureza por si só emana. Eu me senti conectado com mundo. Eu me sentir pequeno, mas não esquecido ou insignificante. Eu me sentir vivo sabe. Eu não sou feliz. Mas naquele instante, nada mas importava. A empresa aqui, a minha mãe alcoólatra, a falta de grana, o desapontamento dos meus chefes pelo negócio todo não ter dado certo, meu irmão que tá em Belém. Enfim, eu fechei os olhos, escutei o mar e esqueci... – Enquanto ele falava, eu fiquei pensado no momento que ele descrevia. Ele lembrou de tudo com tanta emoção e sentimento que dava pra ver no seu rosto ainda queimado pelo sol. E eu não vou te mentir, agora que ele estava olhando para as luzes do outro lado da cidade, ele parecia muito mais bonito do que era. – Já sentiu isso?
– Acabei de sentir. – E sorrir pra ele e ele sorriu de volta. – Quando puder, quero ir comer peixe frito na casa dessa tal de Juliana.
– Ela é uma ótima pessoa.
– Tu também parece ser cara. Eu mal te conheço e tal. Mas eu sinto isso. E pode ser que eu esteja errado e que você só esteja afim de me surpreender, mas eu não ligo não.
Ele colocou a mão sobre a minha, que estava apoiada no banco e eu acabei olhando fundo nos olhos dele. E se é mesmo verdade que os olhos não mentem, eu pude ver naquele olhar exatamente o que ele queria. Ele lambeu os lábios ressecados e eu fugir.
– Já são duas. Preciso ir... – Tirei a mão de baixo e olhei o relógio na tela do celular.
Quando eu ia me levantando, ele se levantou atrás de mim e me puxou pelo braço. Eu meio que me encostei na parede perto da porta do bar e ele ficou me encarando como que esperando alguma reação minha. Próximo o suficiente. Mas eu só olhava para aquela boca vermelha e sentia o cheiro do perfume misturado com álcool e cigarros fumados há algum tempo. Eu o olhei nos olhos e no instante em que ele quis ir em frente, eu virei o rosto, ele sorriu e me abraçou forte. O cheiro dele ficou intenso. Eu fechei os olhos e sentir vontade de ficar assim até a noite acabar.
– Qual é mesmo o teu nome cara? – Sussurrei no ouvido dele.
– Cassiano.
– Cassiano, eu preciso ir. Acordo muito cedo amanhã.
– Dorme lá em casa. Eu te deixo no serviço amanhã.
– Eu não costumo dormir com gente que eu acabei de conhecer.
– Eu também não. Mas hoje eu quero.
– Eu também.
– Então vamos.
– Hoje não.
– Eu sei que você quer ir.
– Tu sabe que eu quero ir. Mas eu sou difícil.
– Eu te conquisto lá em casa.
– Eu não costumo dormir fora.
– Acostume-se.
Cais...
No fundo, somos só chegadas e partidas. A vida nos empurra pra novos rumos e junto vem novas pessoas e é isso... Estamos entrando e saindo da vida uns dos outros de repente, e a saudade onde fica? Bem, ela fica lá. Porque neste caminho em que estamos indo não sei pra onde e muito menos sabendo onde vamos chegar, o que nos resta é a esperança. Esperança na promessa de que todo esforço será recompensado um dia...
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